Alguns dos efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia podem influenciar na alimentação dos pacientes, impedindo assim que estes sigam uma dieta balanceada, fundamental na recuperação de qualquer doença. Além da falta de apetite e das náuseas, outros sintomas podem surgir, como boca seca, alteração do paladar e feridas na boca.
O Centro de Oncologia Rio Preto (CORP) conta com nutricionista, que oferece orientação para auxiliar os pacientes a saber como lidar com os efeitos colaterais e manter uma dieta balanceada durante os tratamentos de radioterapia e quimioterapia. Alguns tipos de câncer, como esôfago e intestino, precisam de orientações específicas para a alimentação. Em alguns casos, em que comer é praticamente impossível, podem ser considerados métodos alternativos de alimentação.
Durante o tratamento as aversões ou intolerâncias alimentares, os hábitos intestinais como diarreias e constipação, entre outros sintomas de trato gastrointestinal, são motivos frequentes de recusa de alimentos e podem ser minimizados, em alguns casos, com adequações dietéticas simples.
Veja algumas dicas que podem ajudar a minimizar esses sintomas:
Diarreia
Um elevado percentual de pacientes em quimioterapia e radioterapia pode desenvolver diarreia. Nessa situação, a orientação dependerá da gravidade de cada caso. É importante conscientizar-se sobre a importância de se alimentar. Para isso, alguns cuidados fazem a diferença:
- Aumente o fracionamento da dieta e reduza o volume por refeição, oferecendo de 6 a 8 refeições ao dia.
- Beba bastante líquidos, sucos coados, água de coco, água natural.
- Avalie se algum alimento não está piorando o sintoma, como lactose, sacarose, glúten e cafeína.
- Evite alimentos ricos em fibras, como verduras cruas, mamão, ameixa, cereais integrais (arroz integral, aveia, pão integral, chia…) e feijão.
- Evite preparações ricas em gorduras e condimentos.
- Dê preferência a vegetais cozidos, frutas obstipantes (banana maçã, caju, limão, goiaba sem casca e sem semente, maçã sem casca), fibras solúveis (como farinha de aveia) e prebióticos (referente a determinados componentes de alimentos vegetais, que não são digeríveis em qualquer das etapas do processo digestivo).
- Em alguns casos, alguma suplementação pode ser utilizada. Procure um profissional para orientação.
Constipação
Para a constipação intestinal, a orientação alimentar também se faz importante. Alimentos integrais, farelos, frutas, legumes e verduras, preferencialmente crus, podem fazer parte da dieta diária para auxiliar na evacuação. Dicas importantes:
- Consuma alimentos ricos em fibras insolúveis como cereais integrais (pão integral, arroz integral, aveia, chia, linhaça….); verduras e legumes crus; frutas laxativas (mamão, ameixa, abacaxi; banana); grãos como feijões e castanhas.
- Beba água, o aumento do consumo de fibras demanda um aumento do consumo de água.
- Faça batida de frutas com vegetais e fibras e beba sem coar.
- Evite alimentos obstipantes, como farinha branca, amidos, frutas como caju, banana maçã e goiaba.
- Pratique exercícios físicos, conforme orientação de profissional capacitado.
- Em alguns casos, alguma suplementação pode ser utilizada, procure um profissional para orientação.
Planejando e se prevenindo
Uma boa alimentação para quem está se recuperando de uma cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou algum outro tratamento é um excelente aliado para o paciente se manter forte, dando ao seu corpo os nutrientes de que necessita.
Os efeitos colaterais variam de pessoa para pessoa, porém sua saúde e peso acabam influenciando. O ideal é ter um plano flexível de alimentação, e estar preparado para as alterações no apetite.
Uma dieta saudável, que inclua frutas, vegetais e proteínas ajuda a fornecer os nutrientes que o corpo precisa para se manter forte, mesmo durante o tratamento. Essas reservas de nutrientes ajudam a reconstruir os tecidos do corpo e a manter o sistema imunológico preparado para combater possíveis infecções.
Como primeiro passo, o paciente deve conversar com o nutricionista para tirar dúvidas e auxiliar na elaboração de uma dieta balanceada.
Embora as orientações mudem de acordo com as necessidades de cada paciente, algumas medidas incorporadas ao dia são benéficas. Frutas e legumes, por exemplo, são uma boa fonte de muitas vitaminas e minerais, além de uma grande fonte de fibras. Devem fazer parte de pelo menos um terço dos alimentos consumidos diariamente.
Pesquisas sugerem que as pessoas que fazem dietas ricas em frutas e vegetais podem ter um menor risco de doença cardíaca, além de reduzir o risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, por exemplo, de boca, esôfago e intestino. As frutas e legumes ajudam ao alimento a passar mais rapidamente através do sistema digestivo, ajudando a prevenir a constipação. São cuidados que, uma vez incorporados à rotina, auxiliam o paciente a transpor uma delicada fase da vida e auxilia no seu restabelecimento.
Natália Yano Kodama, Nutricionista – CRN3 26429