Ao receber um diagnóstico de câncer, a primeira pergunta que vem à mente é: “O que provocou o câncer?”
Estudos apontam que a doença pode estar relacionada a diversos fatores, entre eles ao estilo de vida, fatores ambientais, poluição, agrotóxicos, produtos químicos, radiações, infecções virais, fatores genéticos e pode estar vinculada a emoção e ao alto nível de estresse.
O estresse é constituído por fontes externas e internas. As fontes externas são caracterizadas pelos eventos que ocorrem na vida das pessoas e sobre os quais não há controle, como morte, acidentes, doenças e, até as próprias dificuldades nas relações do cotidiano. As fontes externas são enfrentadas segundo as estratégias aprendidas principalmente na infância e, também, adquiridas ao longo da vida.
As fontes internas do estresse são compreendidas como as características individuais da própria pessoa, vinculadas às suas cognições, ou seja, a maneira que ela percebe e enfrenta o mundo, suas crenças, seus valores, seu nível de assertividade, enfim, tudo aquilo que faz parte de seu mundo interno (Santos, 2007).
A influência da cognição pode ser considerada um dos fatores envolvidos no desenvolvimento e no enfrentamento da doença. Segundo Ellis (1973), citado por Santos (2007), a “[…] cognição é o determinante mais importante da emoção humana. Estados de disfunção emocional e muitos aspectos da psicopatologia são resultados dos pensamentos disfuncionais”.
Dessa forma, o processo de enfrentamento do estresse depende, em grande parte, dos recursos sociais e psicológicos do indivíduo. Considerando que o diagnóstico de câncer é culturalmente visto como algo terrível, implicando a necessidade de submeter-se aos tratamentos e suas consequências físicas e emocionais, é quase inevitável que a pessoa que o recebe vivencie situações estressantes.
Várias pesquisas têm relacionado o estresse crônico com o enfraquecimento do sistema imune; esse sistema é responsável pela vigilância do organismo contra a multiplicação de células cancerígenas. Algumas células são destinadas à destruição de células anômalas que poderiam se transformar em câncer, e são chamadas de natural killers (NK) (Ballone, 2007).
O estudo realizado pelo psicólogo Cohen (2001, apud Bauer, 2007), submeteu voluntários à dose-padrão de vírus da gripe, sendo que os com quadro de estresse apresentavam mais sintomas da doença do que os voluntários não estressados, pelo fato de os primeiros apresentarem os sistemas imunes mais enfraquecidos devido ao estresse.
Diante do diagnóstico de câncer, todo o processo de enfrentamento da doença é vivido pelo paciente e pelos familiares, trazendo grande angústia e incerteza quanto ao futuro.
Lipp. Malagris e Novais (2007, p. 19) definem o estresse como “[…] um estado de tensão mental e físico que produz um desequilíbrio no funcionamento global do ser humano e enfraquece seu sistema imunológico, deixando-o sujeito a infecções e doenças“.
A eliminação de todos os tipos de estresse pode ser considerada difícil, mesmo porque, fisiologicamente, é por meio da adrenalina e das reações geradas pelo estresse, em doses moderadas, que o ser humano se sente revigorado, motivado e competente; na ausência total de estresse, seria como se ele estivesse morto (Lipp et al., 2007).
Já que o ser humano é suscetível aos efeitos do estresse emocional, deve-se então ao menos tentar reduzir a predisposição da reação do estresse emocional, a partir de medidas psicológicas que tenham como objetivo reestruturar e reformular pensamentos estressógenos (Brasio, 2000;Vilella, 2001; Tanganelli, 2001; Torrezan, 1999, apud Lipp, 2001).
Fonte: RBTC