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Category: Descobertas

11 de dezembro de 2018 by Blog do Corp 0 Comments

Anabolizantes e câncer

Possível correlação reforça necessidade de políticas preventivas

Estudo conduzido pelos oncologistas Gustavo Fernandes e Rafael Correa e pela geneticista Cinthya Sternberg, membros da SBOC, analisou a correlação entre o uso indiscriminado e prolongado dos hormônios e anabolizantes e o desenvolvimento de hepatocarcinomas. Essa forma de câncer de fígado corresponde a 90% de todos os tumores originários no órgão e é responsável por cerca de 15% de todas as mortes por falência hepática no mundo.

O levantamento, feito a partir da análise de estudos clínicos, revisões de literatura e relatos de caso, traz indícios de que o desenvolvimento do subtipo da doença é mais comum em decorrência de abuso de anabolizantes por um tempo considerável (entre dois e sete anos), mas é amplificado pela questão da idade precoce. Dois terços das pessoas que acabam abusando dos esteroides anabolizantes começam a consumi-los a partir dos 16 anos.

“Sabíamos que o hepatocarcinoma pode ter como origem casos de hepatite B, alimentação inadequada e consumo de álcool. Ainda que não seja possível afirmar cientificamente que o abuso de anabolizantes possa resultar neste tipo de câncer, o levantamento mostra que é necessário desde já alertar a população, especialmente jovem, para este risco”, afirma o Dr. Gustavo Fernandes, diretor da SBOC para Relações Nacionais e Internacionais.

Além disso, uma pesquisa da SBOC sobre o comportamento dos brasileiros em relação ao câncer mostra que mais de 30% das pessoas de 18 a 29 anos não realizam qualquer exame preventivo contra a doença no Brasil. “O fato de os jovens começarem o uso de hormônios sintéticos tão cedo e o cuidado precário que eles dedicam à sua saúde criam uma situação de risco em que o diagnóstico do tumor supostamente advindo do abuso de esteroides pode ser tardio”, alerta a Dra. Cinthya.

A SBOC recomenda que o uso de anabolizantes e hormônios seja condicionado à prescrição e acompanhamento de especialistas, como um endocrinologista ou ginecologista. “Os efeitos dos esteroides  anabolizantes para a dependência psicológica , problemas cardiovasculares, elevação do colesterol, aumento da pressão arterial, perda óssea e impotência sexual já são bem conhecidos e documentados.Com nossa análise da literatura revelando uma possível ligação com o câncer de fígado, a implantação de políticas públicas que alertem  sobre os perigos  do uso incorreto e sem supervisão de esteroides anabolizantes se torna ainda mais importante”, afirma a Dra. Cinthya.

O trabalho foi publicado na Brazilian Journal of Oncology com o título “Exploring the link between  anabolic-androgenic steroids abuse for performance improvement  and  hepato-cellular carcinoma: a literatura review”. O acesso é livre pelo site da publicação: Brazilian Journal Of Oncology

Fonte: Revista Oncologia e Oncologistas – Ano 2 – Edição 7 – Jul/Set 2018

30 de outubro de 2018 by Blog do Corp 0 Comments

Entenda o que é a imunoterapia e como ela ajuda no combate ao câncer

“Entre os maiores avanços da ciência no combate ao câncer está a imunoterapia que tem sido noticiada pela imprensa como um tratamento inovador e às vezes até milagroso.

Em parte, isso é verdade, pois o conhecimento médico avançou muito nessa área, principalmente em relação a maiores detalhes sobre o funcionamento da cascata celular, ativação celular e até mesmo novos remédios para doenças oncológicas, reumatológicas, intestinais e várias outras.

Mas antes de falarmos sobre o que é e como funciona a imunoterapia, é preciso entender a diferença entre um antígeno e imunógeno.

Um antígeno é uma substância que ativa o sistema de defesa do corpo. Um bom exemplo é quando um germe (parasita), como por exemplo o toxoplasma gondii (que causa a Toxoplasmose) penetra no nosso organismo.

Quando isso acontece, o corpo desenvolve resistência imunológica inicialmente da imunoglobulina IgM e posteriormente uma cicatriz sorológica com surgimento da imunoglobulina do tipo IgG.

Isso significa que nosso organismo já teve contato com este germe e já desenvolveu resistência da imunidade contra ele.

Já um imunógeno desencadeia uma cascata de resposta celular a partir da diferenciação de células-tronco hematopoética na medula óssea (sangue) que darão origem as células mieloides e linfoides, que são células do sangue com função de defesa no nosso corpo.

Aqui, um bom exemplo, é ativação dos linfócitos T que são células do sangue com função de defesa do nosso organismo.

Uma célula tumoral pode apresentar vários tipos de antígenos ao mesmo tempo ou até mesmo a função imunógena, por isto o entendimento da imunoterapia para o combate ao câncer é complexo.

A imunoterapia pode ter pelo menos cinco mecanismos de atuação:

  1. Diretamente no antígeno;
  2. Na morte da célula doente;
  3. Neutralizando a cascata de resposta celular;
  4. Estimulando a cascata de resposta celular;
  5. Aumentando a ação dos linfócitos T.

Existem vários tipos de imunoterapia. Alguns já são conhecidos há vários anos como: interferon, interleucina, vacina BCG, anticorpos como herceptin, mabthera e vários outros.

Vou comentar apenas sobre as doenças oncológicas.  Veja alguns exemplos disponíveis para uso em ser humano:

  • Herceptin – indicado para câncer de mama especificamente com resultado imuno-histoquímica com HER-2 positivo;
  • Mabthera – indicado para alguns linfomas não Hodgkin;
  • Ipilimumab – indicado para melanoma com metástase;
  • Nivolumab – indicado para melanoma e câncer de pulmão;
  • Pembrolizumab – indicado para câncer de pulmão preferencialmente com expressão do PDL-1, e ainda para alguns tumores gástricos e melanoma

Existem vários outros medicamentos já sendo utilizados no Brasil. O importante é entender que a imunoterapia não é para todos os tipos de câncer.

Às vezes é necessária a presença de um receptor (conector) presente na célula tumoral para que o medicamento consiga fazer efeito.

Geralmente o tratamento de imunoterapia é realizado através de soroterapia aplicada nas veias do paciente.

Outro tipo de imunoterapia é um tratamento personalizado para cada paciente no qual é colhido material do próprio tumor do paciente e produzido em laboratório uma vacina específica para o ele. Esta modalidade de tratamento ainda é experimental e não realizada no Brasil.

Em resumo, o tratamento de imunoterapia tem como objetivo ativar nosso sistema imunológico para combater as células cancerosas.

Para isso existem critérios muito bem estabelecidos para alguns tipos de tumores.

Ficamos felizes em saber que a biotecnologia tem avançado no conhecimento do funcionamento do nosso organismo permitindo a descoberta de novas armas contra o câncer”.

Referências bibliográficas:

1 – Manual de Oncology Harrisons – second edition – 2014

2 – Oncologia Molecular – Carlos Gil Ferreira – 2004

José Altino

Oncologia – CRM 73227

Possui graduação em Medicina pela Fundação Educacional Severino Sombra (1991) e mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (2012). Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Cancerologia, atuando principalmente nos seguintes temas: câncer de mama, pulmão, e outros tumores, sempre com atuação na Oncologia Clínica.