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Category: Medicamentos

31 de agosto de 2022 by Blog do Corp 0 Comments

Presença da Dra. Flávia do Nascimento no lançamento de nova droga para tratamento do câncer de bexiga

Neste final de semana, foi lançada uma nova droga para ser usada no tratamento do câncer de bexiga e a Dra. Flávia Lidiane A. do Nascimento (CRM 116533), oncologista clínica do CORP (Centro de Oncologia Rio Preto), esteve presente no evento de lançamento.

A neoplasia maligna de bexiga é o sétimo tumor mais comum em homens no Brasil e, segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), espera-se cerca de 7.590 novos casos em homens e 3.050 novos casos em mulheres, entre os anos de 2020 e 2022.

Porém, chegou no Brasil o Enfortumabe Vedotina, que é um anticorpo conjugado à droga (ADC).

Em maio deste ano, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o anticorpo Enfortumabe Vedotina, conjugado à droga (ADC), para o tratamento de pacientes com carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático, previamente tratados com quimioterapia baseada em platina e inibidor de checkpoint (Imunoterapia), além de pacientes inelegíveis a cisplatina que receberam ao menos uma linha de tratamento sistêmico (administrado via oral ou injetado sob a pele, no músculo ou nas veias) prévia.

O mecanismo de ação desse medicamento é semelhante a um Cavalo de Troia. O anticorpo se liga à uma proteína da superfície da célula tumoral, a nectina-4, e internaliza o complexo que contém o quimioterápico propriamente dito para impedir que a célula se multiplique, bloqueando o ciclo celular e provocando a sua morte, via um fenômeno conhecido como apoptose.

Essa classe de medicamentos é ainda nova na área da oncologia, mas tem um mecanismo promissor e vem apresentando respostas consistentes em pacientes previamente tratados e que progrediram com as terapias já aprovadas para o tratamento desse tumor.

O câncer de bexiga apresenta os seguintes fatores de risco:

– É 3 vezes mais comum em homens;
– Está associado, principalmente, ao tabagismo;
– Acomete mais pacientes idosos (com mais de 65 anos);
– Exposição ocupacional ao arsênio;
– Irradiação prévia da bexiga.

Existem três tipos de câncer de bexiga:

. Carcinoma de células de transição (também conhecido como carcinoma urotelial): representa a maioria dos casos e começa nas células do tecido mais interno da bexiga. Origina-se nas células uroteliais que limitam o interior da bexiga e outras partes do trato urinário, como parte do rim, ureteres e uretra.

. Carcinoma de células escamosas: afeta as células delgadas e planas que podem surgir na bexiga depois de infecção ou irritação prolongadas.

. Adenocarcinoma: se inicia nas células glandulares (de secreção) que podem se formar na bexiga depois de um longo tempo de irritação ou inflamação.

Quando o câncer se limita ao tecido de revestimento da bexiga, é chamado de superficial. O câncer que começa nas células de transição pode se disseminar através do revestimento da bexiga, invadir a parede muscular e se disseminar até os órgãos próximos ou gânglios linfáticos, transformando-se num câncer invasivo.

“Esse lançamento vem para ser uma importante opção de tratamento no combate a essa neoplasia e provavelmente, em breve, deverá ter indicação para casos mais iniciais do câncer de bexiga.”

Há décadas, o tratamento dessa neoplasia é baseado em quimioterapia convencional e era carente em novas drogas”, menciona Dra. Flávia do Nascimento, médica oncologista do Corp.

O diagnóstico precoce do câncer de bexiga possibilita melhores resultados em seu tratamento e pode ser investigado a partir de sintomas como: dor ao urinar e sangue na urina. Na maioria das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas, mesmo assim é importante que sejam logo investigados.

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22 de outubro de 2020 by Blog do Corp 0 Comments

Vacinação contra o HPV em meninas e meninos.

Já ouviu falar sobre a vacinação contra o HPV em meninas adolescentes e, agora, em meninos?

Caso você esteja se perguntando sobre a eficácia da vacinação, leia as informações a seguir.

Segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), no ano de 2020, espera-se, aproximadamente, 16.590 novos casos de câncer de colo de útero com 6.526 mortes.

Excetuando-se o câncer de pele não melanoma, é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal) e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.

Considerando que 90% dos cânceres de colo de útero estão relacionados ao HPV, precisamos chamar a atenção para a vacinação oferecida pelo Ministério da Saúde para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos, além de pessoas entre 9 a 26 anos vivendo com HIV / Aids e outras condições imunossupressoras como pacientes transplantados e em tratamento de câncer.

No último dia 20 de Outubro, foi publicado um grande estudo sueco*, no New England Journal of Medicine, sobre a relação entre a vacinação contra o papilomavírus humano na prevenção de lesões cervicais de alto grau e o risco subsequente de câncer cervical invasivo.

Através deste estudo, foi comprovado que a vacina reduz substancialmente o risco da doença em nível populacional. Essa redução foi de até 88% no risco de desenvolver o câncer de colo de útero nas jovens vacinadas, quando comparado com meninas não vacinadas. 

O estudo ainda confirma que a vacina quadrivalente protege contra o câncer cervical, porém, ressaltou a importância desta vacina ser aplicada ainda em idade jovem para uma melhor proteção, com uma redução do risco em até 88% em mulheres vacinadas antes dos 17 anos.

Os resultados, a longo prazo, vislumbram a redução significativa de câncer de colo de útero nas próximas décadas.

Você também tem várias informações a respeito do tema na Live que fizemos: HPV – Cuidado e proteção dos adolescentes. Na Live, o Dr. José Altino (CRM 73227), oncologista clínico do Corp, debate o assunto abordando questões do universo dessas jovens adolescentes com a Dra. Valéria Dória (CRM 79010), ginecologista e obstetra, e com a Prof. Dra. Maria Jaqueline Coelho Pinto (CRP 06/39394-1), psicóloga.

* O trabalho foi financiado pela Swedish Foundation for Strategic Research.

Fontes:

1 – Onconews – www.onconews.com.br

2 – HPV Vaccination and the Risk of Invasive Cervical Cancer – Jiayao Lei, Ph.D., Par Sparén, Ph.D. et al – October 1, 2020 – N Engl J Med 2020; 383:1340-1348 – DOI: 10.1056/NEJMoa1917338

3 – Luostarinen et al., Int J Cancer, 2017

4 – Guo et al., An J Prev Med, 2018

5 – Lei et al., Br J Cancer, 2020

6 – Live do Corp sobre HPV: https://www.youtube.com/watch?v=3SSKHFvilm4&t=2s

7 – INCA: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-do-colo-do-utero

14 de outubro de 2020 by Blog do Corp 0 Comments

Tratamento de imunoterapia nos pacientes com câncer

Olá, sou José Altino, médico oncologista do Corp, Centro de Oncologia de Rio Preto.

Hoje, vamos conversar a respeito da imunoterapia.

Esta modalidade de tratamento para o controle do câncer vem sendo investigada há décadas, porém, o seu maior impulsionamento foi a partir do ano de 2010, com a utilização da imunoterapia para o melanoma maligno, um tumor de pele que pode ter uma evolução mais agressiva.

A imunoterapia revolucionou a evolução de vários casos de melanoma e faz parte do processo de autorização e validação da eficácia do tratamento oncológico. Com a utilização do medicamento, em casos inicialmente já com metástase, é possível avaliar a redução tumoral no próprio paciente. No passo seguinte, a utilização desses medicamentos, uma vez que comprovada a sua eficácia, passa a ser um cenário, ou seja, uma situação de pós-operatório, ou seja, uma maneira preventiva para que a doença não tenha uma recorrência.

Atualmente, com a imunoterapia, já estamos utilizando tais medicamentos antecedendo a cirurgia, ou seja, para uma redução tumoral e, assim, uma maior curabilidade mesmo antes do processo cirúrgico.

Em resumo, a imunoterapia começa a ser avaliada em pacientes com uma doença incurável. Na sequência, preventivamente, no cenário pós-cirúrgico, atualmente, se utiliza previamente ao procedimento cirúrgico e, quando este fluxo ocorre desta forma, significa que a eficácia do tratamento é confiável e duradoura.

A imunoterapia é utilizada para diversos tumores, entre eles: cabeça e pescoço, esôfago, estômago, intestino, rins, bexiga, ovário, melanoma, pulmão, mama e alguns outros.

Atualmente, temos disponível, aproximadamente, 10 moléculas, 10 tipos de medicamentos com a função de imunoterapia. Vale ressaltar que todo esse tratamento permite um controle tumoral, aumentando a curabilidade deste câncer, mas às custas de um custo financeiro elevadíssimo e, infelizmente, o sistema público de saúde não torna acessível e universal a imunoterapia para todos os pacientes.

Portanto, não devemos esquecer de medidas preventivas como não fumar, ter uma dieta equilibrada, evitar exposição ao sol de maneira excessiva, fazer exames preventivos de rotina e ter uma orientação familiar dos seus aspectos genéticos. Todas essas abordagens são extremamente importantes dentro de um sistema de saúde como o nosso. Como um exemplo: o custo de tratamento preventivo após uma cirurgia de melanoma pode atingir o valor de, aproximadamente, 300 mil. No entanto, qual seria o custo financeiro de consultas de rotina com dermatologistas, cirurgia de pintas suspeitas precocemente? Assim teríamos um custo financeiro menor sem falar do trauma emocional e menores efeitos colaterais ao longo da vida deste paciente.

Portanto, prevenção é fundamental!

José Altino – CRM 73227

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30 de julho de 2020 by Blog do Corp 0 Comments

Drogas orais em oncologia clínica

Olá, pessoal! Tudo bem? Eu sou a Dra. Valeska do Carmo, sou oncologista clínica no Centro de Oncologia de Rio Preto e estou gravando esse vídeo hoje para a gente falar um pouquinho sobre drogas orais em oncologia clínica.

Algumas pessoas já devem estar se perguntando: Por que drogas orais e não quimioterapia oral? Primeiro, porque nem tudo que disponibilizamos na forma oral em oncologia clínica, ou seja, no tratamento do câncer, são quimioterápicos.

Nós temos, basicamente, 3 classes de drogas orais:

Nós temos aquelas que são chamadas de drogas alvos moleculares onde, através de uma avaliação mais minuciosa além do anatomopatológico, conseguimos detectar algumas moléculas onde já temos medicamentos que atuam bloqueando essas moléculas presentes em algumas células tumorais e alguns determinados tipos de câncer. Isso é muito comum no câncer de pulmão, por exemplo.

Temos também os quimioterápicos orais propriamente ditos que são quimioterápicos que funcionam na multiplicação celular, ou seja, quando a célula está se multiplicando, ele tem a sua ação assim como as drogas endovenosas.

Temos os bloqueios hormonais onde em determinadas patologias, principalmente no câncer de mama, visualizamos através da imuno-histoquímica que existe a presença de receptores hormonais, receptores de estrogênio ou progesterona onde a gente tem medicamentos que vão bloquear essa via de estímulo de crescimento na célula tumoral.

Então, infelizmente, apesar de estarmos vivendo esse momento de pandemia de COVID onde muitas pessoas gostariam de estar fazendo tratamento oral para evitar estar saindo de casa e se submetendo a um tratamento endovenoso e nós priorizamos isso, mas, infelizmente, nem todo mundo consegue ter esse benefício.

A melhor pessoa para estar conversando com você e estar orientando com relação a essa possibilidade e disponibilidade é o seu médico oncologista clínico. Portanto, em qualquer dúvida que tenha, você deve procurar o seu médico com quem faz o tratamento do câncer que ele, com certeza, vai conseguir orientar e te explicar todas as possibilidades de substituição de protocolo.

Bem, o vídeo hoje era curtinho. Temos alguns vídeos explicativos nas redes sociais.

Qualquer dúvida, estamos à disposição.

É só nos acessar. Siga-nos nas redes sociais.

Dra. Valeska C. do Carmo – CRM 110459

2 de fevereiro de 2020 by Blog do Corp 0 Comments

Novas medicações para o tratamento do câncer em 2020

Para o ano de 2020 estão sendo esperadas novas medicações para o tratamento de vários tipos de câncer; as informações são do médico José Altino,
oncologista do Centro de Oncologia de Rio Preto – CORP.

14 de maio de 2019 by Blog do Corp 0 Comments

Pacientes em tratamento oncológico podem tomar a vacina contra gripe?

Antes de responder a esta pergunta, é preciso conhecer o mecanismo de ação da imunoterapia. As células do nosso sistema imunológico contêm moléculas que fazem o controle imunológico, que precisam estar ativadas para combater as células tumorais; essas moléculas são chamadas de inibidores de checkpoint imunes. Nesse caso, são administrados medicamentos modernos (imunoterapia) que restabelecem a atividade destas moléculas de controle imunológico para o combate das células cancerígenas.

Entre as muitas dúvidas que surgem durante o tratamento do paciente oncológico está a questão da vacina da gripe. Será que ele pode tomar? Vai prejudicar o tratamento? A vacina faz com que o paciente pegue a gripe?

A boa notícia vem dos pesquisadores do “Albert Einstein College of Medicine”, de Nova Iorque: sim, o paciente em tratamento contra o câncer pode tomar a vacina contra a gripe.

Voltando ao estudo, os pesquisadores relataram que 370 pacientes com câncer receberam a vacina contra a gripe junto ao tratamento com inibidores de checkpoint imunes. Foi observado que não houve aumento de efeitos adversos produzidos pela vacina , portanto é seguro o uso da vacina contra gripe apesar do tratamento de imunoterapia para câncer.

E para proteger ainda mais os pacientes, a vacina ministrada para eles é produzida a partir de vírus inativos, ou seja, mortos. “Isso também evita que o paciente fique gripado após a aplicação da vacina”, explica o médico oncologista do CORP, José Altino.

O médico diz ainda que, o que pode acontecer, é que a vacina não atinja 100% da eficácia devido à debilidade do organismo do paciente em tratamento oncológico. “Uma das soluções para contornar esta situação é aplicar a vacinação nos intervalos dos ciclos de quimioterapia”.

Mas de acordo com Altino, mesmo em tratamento, é importante que o paciente seja imunizado pois, devido à quimioterapia, ele tem maior risco de contrair a gripe ou infecções associadas a ela.

Mas e se mesmo imunizado o paciente contrair a gripe? Nesse caso a orientação é de que o paciente jamais tome remédios por contra própria e procure seu médico o mais rapidamente possível! Só ele pode indicar o melhor tratamento.

Veja algumas orientações para evitar que o paciente contraia a gripe:

  • O paciente deve evitar o contato com pessoas gripadas. Se ele morar na mesma casa da pessoa que está doente, separe pratos, talheres e roupas de cama e banho apenas para ele;
  • Lave sempre as mãos! Se elas estiverem contaminadas com o vírus da gripe, as chances de que o paciente fique doente são grandes;
  • Agasalhe bem o paciente nos dias frios. As baixas temperaturas podem prejudicar as funções imunológicas;
  • Evite deixar o paciente em ambientes muito fechados e com muitas pessoas, pois eles podem concentrar um grande número de vírus e bactérias. O ideal é ventilar a casa pela manhã e no final da tarde.

Agora que você já sabe mais sobre a vacina contra a gripe e os cuidados com o paciente em tratamento, converse sobre isso com o médico que está cuidando do seu familiar! A prevenção é a melhor forma de evitar que seu ente querido fique doente!

16 de janeiro de 2019 by Blog do Corp 0 Comments

Pacientes oncológicos podem tomar vacinas?

Esta é uma dúvida comum no consultório, mas antes de responder a esta pergunta, vamos falar mais sobre as vacinas.

As vacinas são produzidas a partir de partículas virais, toxinas, ou vírus mortos ou enfraquecidos. Ao entrarem no corpo, o organismo aciona o sistema de defesa criando anticorpos contra esses micro-organismos.

Existe a imunidade desenvolvida a partir de vacinação ou mesmo a partir da infecção. Assim, nosso organismo terá que ter um sistema imunológico componente (capaz de produzir as defesas necessárias), mas em algumas situações específicas como quimioterapia, uso de imunossupressores após transplante o sistema imunológico estará incompetente (não capaz de produz as defesas necessárias).

Portanto o médico deverá avaliar algumas situações importante; o momento  ideal para vacinação para pacientes com baixa imunidade, o risco de surto da doença num determinado período do ano (inverno e risco de pneumonia), a localidade em que o paciente reside (se apresenta o surto de uma determinada doença como surto de meningite) ou ainda se o paciente está dentro do grupo de risco para uma determinada doença (neste último um bom exemplo são os  profissionais de saúde que apresentam risco maior para hepatites).

Os tratamentos cirúrgicos e a hormonioterapia não apresentam interferência do estado imunológico, mas os outros tratamentos como quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e transplante causam interferência no sistema imunológico.

Resumindo: algumas vacinas poderão ser realizadas quando necessário e cabe ao médico avaliar o estado de saúde do paciente e a necessidade da vacina.

Mas quais vacinas podem ou não serem aplicadas?

Podem ser aplicadas vacinas produzidas a partir de micro-organismos mortos, toxina do micro-organismos, ou proteína viral como:

  • Hepatite B
  • Hepatite C
  • DTP (coqueluche, difteria, tétano)
  • HPV
  • Influenza
  • Pneumocócica

Mas atenção: nesse caso eficácia poderá ser reduzida

Não podem ser aplicadas vacinas em pacientes quimioterápicos com vírus vivos atenuados como:

  • Herpes zoster
  • Tríplice viral (Sarampo, caxumba, rubéola)
  • Febre amarela

É muito importante que, antes de tomar qualquer vacina, que o paciente oncológico discuta com seu médico a necessidade da imunização.

Ele poderá avaliar a relação custo x benefício para o organismo e preparar um calendário de vacinação personalizado que não irá prejudicar o paciente.

Dr. José Altino  CRM 73.227-SP Oncologista Clínico Mestre pela  Famerp

11 de dezembro de 2018 by Blog do Corp 0 Comments

Anabolizantes e câncer

Possível correlação reforça necessidade de políticas preventivas

Estudo conduzido pelos oncologistas Gustavo Fernandes e Rafael Correa e pela geneticista Cinthya Sternberg, membros da SBOC, analisou a correlação entre o uso indiscriminado e prolongado dos hormônios e anabolizantes e o desenvolvimento de hepatocarcinomas. Essa forma de câncer de fígado corresponde a 90% de todos os tumores originários no órgão e é responsável por cerca de 15% de todas as mortes por falência hepática no mundo.

O levantamento, feito a partir da análise de estudos clínicos, revisões de literatura e relatos de caso, traz indícios de que o desenvolvimento do subtipo da doença é mais comum em decorrência de abuso de anabolizantes por um tempo considerável (entre dois e sete anos), mas é amplificado pela questão da idade precoce. Dois terços das pessoas que acabam abusando dos esteroides anabolizantes começam a consumi-los a partir dos 16 anos.

“Sabíamos que o hepatocarcinoma pode ter como origem casos de hepatite B, alimentação inadequada e consumo de álcool. Ainda que não seja possível afirmar cientificamente que o abuso de anabolizantes possa resultar neste tipo de câncer, o levantamento mostra que é necessário desde já alertar a população, especialmente jovem, para este risco”, afirma o Dr. Gustavo Fernandes, diretor da SBOC para Relações Nacionais e Internacionais.

Além disso, uma pesquisa da SBOC sobre o comportamento dos brasileiros em relação ao câncer mostra que mais de 30% das pessoas de 18 a 29 anos não realizam qualquer exame preventivo contra a doença no Brasil. “O fato de os jovens começarem o uso de hormônios sintéticos tão cedo e o cuidado precário que eles dedicam à sua saúde criam uma situação de risco em que o diagnóstico do tumor supostamente advindo do abuso de esteroides pode ser tardio”, alerta a Dra. Cinthya.

A SBOC recomenda que o uso de anabolizantes e hormônios seja condicionado à prescrição e acompanhamento de especialistas, como um endocrinologista ou ginecologista. “Os efeitos dos esteroides  anabolizantes para a dependência psicológica , problemas cardiovasculares, elevação do colesterol, aumento da pressão arterial, perda óssea e impotência sexual já são bem conhecidos e documentados.Com nossa análise da literatura revelando uma possível ligação com o câncer de fígado, a implantação de políticas públicas que alertem  sobre os perigos  do uso incorreto e sem supervisão de esteroides anabolizantes se torna ainda mais importante”, afirma a Dra. Cinthya.

O trabalho foi publicado na Brazilian Journal of Oncology com o título “Exploring the link between  anabolic-androgenic steroids abuse for performance improvement  and  hepato-cellular carcinoma: a literatura review”. O acesso é livre pelo site da publicação: Brazilian Journal Of Oncology

Fonte: Revista Oncologia e Oncologistas – Ano 2 – Edição 7 – Jul/Set 2018

11 de dezembro de 2018 by Blog do Corp 0 Comments

Desafios do câncer raro

O “Fórum Oncoguia: A realidade do câncer no Brasil” reuniu especialistas e pacientes para discutir esse conjunto de doenças, que são numerosas e bastante diferentes entre si. Dentre os múltiplos desafios, destacam-se a dificuldade diagnóstica, o atraso para início o tratamento e a limitação das terapias disponíveis para indicações específicas.

A diretoria executiva da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Cinthya Sternberg, explicou que a Sociedade contribui para a educação de oncologistas clínicos em cânceres raros e citou como exemplos o Programa de Especialização em Tumores Neuroendócrinos, lançado   neste ano, e o de Oncogenética para residentes, que já teve duas edições. “Pelo acordo de reciprocidade que temos com a sociedade europeia, a ESMO, nossos associados têm acesso também aos mesmos treinamentos que os europeus”, destacou.

Outro ponto ressaltado pela Dra. Cinthya Sternberg foi a necessidade de adequar os critérios para aprovação de medicamentos para cânceres raros, as chamadas drogas-órfãs. “Os estudos clínicos precisam de desenhos muito específicos porque não conseguem recrutar o mesmo número adotado para os tumores de alta prevalência e incidência”, explica.

60 aprovados pelo FDA e zero no SUS

Levantamento do site Metrópoles, de Brasília, mostra que 60 medicamentos para o tratamento de câncer foram aprovados pelo Food na Drug Administration  (FDA), a agência reguladora americana, entre 2013 e 2017, mas até hoje nenhum deles é oferecido aos pacientes oncológicos que dependem da saúde pública em nosso país. A reportagem revela também que, dos 60, mais da metade (32) receberam registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e somente cinco foram incorporados ao rol de cobertura obrigatória pelos planos de saúde, editado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dr. Sergio D. Simon, o maior obstáculo não está na aprovação pela Anvisa, mas em fazer chegar o medicamento aos pacientes. “O problema do SUS é o custo das drogas”, avalia. Uma solução, segundo o oncologista, pode ser remanejar recursos em saúde pública, com o abandono de tecnologias ultrapassadas e priorização de novas, mais eficazes.

Na saúde suplementar, a diminuição do prazo de atualização do rol da ANS, bem como a incorporação de drogas que seguem alheias ao documento, é uma das batalhas anuais da SBOC. A pressão é no sentido de que o tempo caia para até 90 dias após a canetada da agência sanitária.

60 novas substâncias ativas contra câncer aprovadas nos EUA entre 2013 e 2017.

  • As drogas tratam 24 tipos diferentes de câncer.
  • No Brasil 32 disponíveis no Brasil
  • 5 incorporadas pelos planos de saúde em 2018
  • No SUS  0

Fonte: Revista Oncologia e Oncologistas – Ano 2 – Edição 7 – Jul/Set 2018