Qual a importância da atuação do dentista no tratamento oncológico?
Odontologia na oncologia.
Aqui no Blog do Corp, sempre mencionamos sobre a importância da equipe multidisciplinar no tratamento oncológico. Psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos, fisioterapeutas, equipe de enfermagem, hematologistas, geneticistas, dentistas, enfim, são muitas especialidades envolvidas na reabilitação de pacientes.
Hoje, vamos falar da atuação do dentista e o motivo deste ser um profissional imprescindível desde o início do tratamento oncológico.
O cirurgião dentista participa da equipe multidisciplinar sempre liderado pelo médico oncologista do paciente, com o objetivo de oferecer o melhor tratamento para sua reabilitação e as principais especialidades para o acompanhamento oncológico são: Cirurgião Dentista com Habilitação em Laserterapia com paciente oncológico.
Em várias doenças da boca, de caráter crônico ou agudo, esse profissional deverá atuar, sistêmica ou localmente, procurando sempre o bem-estar do paciente.
As lesões bucais, por exemplo, são de diagnóstico do dentista estomatologista.
Essa especialidade trata as lesões próprias da mucosa bucal, do complexo maxilomandibular, e órgãos anexos, bem como das repercussões bucais de doenças sistêmicas.
O estomatologista desenvolve o trabalho apresentando as doenças através de lesões fundamentais, tais como: alteração de cor, lesões erosivas e/ou ulceradas, lesões vesico-bolhosas, crescimentos teciduais, patologias ósseas, entre outras. E, em casos mais severos, a patologia que inicia afetando a mucosa oral, pode evoluir para a mucosa gastrointestinal até o ânus.
Porém, quando um paciente inicia o tratamento contra o câncer, pode ter que enfrentar uma cirurgia, quimioterapia, ou imunoterapia e deve estar preparado para os efeitos colaterais decorrentes desses medicamentos, inclusive de forma preventiva, ou seja, antes mesmo dessas lesões aparecerem.
Como é o caso da Mucosite Oral (MO), que é uma inflamação que pode afetar a mucosa oral e a garganta.
A MO é a complicação aguda mais frequente decorrente da aplicação da radioterapia, atingindo quase 100% dos pacientes e quimioterapia concomitante com a radioterapia nos tratamentos de câncer de cabeça e pescoço, atingindo também 100% dos pacientes ou da ação de drogas antineoplásicas utilizadas na quimioterapia (40% dos pacientes), as quais frequentemente são tóxicas para a mucosa oral.
Se não for prevenida ou controlada a tempo, a MO pode afetar a mastigação, deglutição e fala do paciente. Em casos moderados e/ou severos, há a necessidade de interrupção da droga antineoplásica, o que afeta substancialmente a sobrevida do paciente, piora a qualidade de vida, além de aumentar diretamente os custos do tratamento.
Inicialmente, observa-se uma região avermelhada seguida de edema (inchaço), culminando com o surgimento de feridas com ou sem sangramento, que podem afetar a mucosa oral e a garganta. O paciente pode queixar-se desde uma ardência até dores insuportáveis que afetam a qualidade de vida, interferem na alimentação e resultam, frequentemente, em perda ponderal, ou seja, perda de peso, quando ocorre maior gasto do que ganho de calorias.
Para a prevenção ou tratamento da mucosite, o ideal seria que, antes do início da terapia oncológica, o paciente recebesse orientações de um dentista especializado. Além disso, a aplicação de laser de baixa potência é importante para a prevenção das lesões e redução da severidade das lesões que eventualmente já estão estabelecidas. A fotobiomodulação pode atuar na diminuição de inflamação da mucosa oral, aumento da microcirculação e oxigenação dos tecidos e prevenindo ou tratando infecções que eventualmente possam se estabelecer, devido ao alto desbalanço da imunidade global do paciente.
Esses tratamentos proporcionam a redução da dor, modulação da inflamação e aceleração da reparação das feridas.
Em outros casos, quando o paciente está em tratamento com drogas antirreabsortivas (Bifosfonatos) que inibem a reabsorção óssea, o cirurgião dentista deverá ser consultado para indicar quais os cuidados bucais o paciente deverá ter para minimizar os efeitos colaterais dessas aplicações.
Há, ainda, os tratamentos considerados paliativos, que promovem a qualidade de vida de pacientes e de seus familiares diante das doenças que ameaçam a continuidade de sua vida, seja por meio de prevenção ou do alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce e o envolvimento de vários profissionais especialistas, com a avaliação e o tratamento impecável da dor e dos outros problemas de natureza física e psicossocial.
A abordagem paliativa engloba doenças crônico-degenerativas, neoplásicas e não neoplásicas, variando o momento e a intensidade de cada intervenção para priorizar o “viver com qualidade.”
Conheça abaixo um pouco mais sobre os tratamentos utilizados pelos dentistas, nos tratamentos oncológicos:
Laserterapia de Baixa Potência (Fotobiomodulação)
Efeitos colaterais que o dentista Laserterapeuta pode atuar:
- Xerostomia: quando há alteração no funcionamento das glândulas salivares, ocasionando a boca seca;
- Dor
- Disgeusia: quando ocorre a alteração do paladar
- Cárie de radiação: decorrente do tratamento radioterápico
- Alteração de crescimento ósseo e desenvolvimento dentário
- Infecções oportunistas
- Hipersensibilidade dentária
- Trismo: limitação da abertura bucal
- Edema ou inchaço
- Neurotoxicidade: dano ao cérebro ou ao sistema nervoso que ocasiona dor aguda na boca ou nos dentes
- Ototoxicidade: problemas na função auditiva e/ou vestibular decorrente de lesões da orelha interna
- Radiodermatite: reação cutânea decorrente da radioterapia
- Mucosite oral
Os principais efeitos da Laserterapia são:
- Restabelecimento da microcirculação e regeneração celular
- Ativação do sistema antioxidante
- Modulação da inflamação
- imunomodulação: Ativação do sistema imunológico
- Ação antiedematosa
- Analgesia
- Ação antimicrobiana – Na PDT – Terapia fotodinâmica
Fotobiomodulação sistêmica – ILIB (Intravascular Laser Irradiation of Blood)
Técnica da Laserterapia com várias indicações em pacientes com tratamentos paliativos. É a utilização do laser da baixa potência sobre a pulsação arterial.
Geralmente aplicada no punho, utilizando a artéria radial.
- Técnica não invasiva
- Sem risco de infecção
- Frequência livre
- Ambulatorial
- Aceitação de 100% dos pacientes
Já vimos aqui que a saúde bucal pode interferir muito na qualidade de vida dos pacientes, pois afeta a alimentação e, consequentemente, a imunidade dificultando a recuperação e o reestabelecimento da saúde dos pacientes que estão em tratamento contra o câncer.
Cada caso deverá ser submetido à análise do seu médico oncologista e do seu dentista de confiança, mas ressaltamos a importância de os cuidados começarem antes dos tratamentos oncológicos.
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