Câncer de próstata e rastreamento populacional
Olá, sou José Altino, médico oncologista do CORP, Centro de Oncologia de Rio Preto.
Estamos no mês de novembro, Novembro Azul, mês de prevenção para o câncer de próstata.
Hoje vamos conversar a respeito do Rastreamento Populacional.
Rastreamento Populacional é feito através de um exame chamado PSA, que é um antígeno específico prostático. Isso que significa PSA. No entanto, esse tipo de exame não é específico para câncer. Pode estar aumentado em doenças benignas, mais conhecida como a hiperplasia prostática. Portanto é um exame que se correlaciona com a próstata, mas não é específico para o câncer de próstata.
Nos últimos dez anos, vários trabalhos científicos estão avaliando os benefícios do exame PSA como rotina, como Rastreamento Populacional. Um trabalho extremamente relevante, que a gente chama de meta-análise, que é a junção de vários trabalhos, foi analisado e montado pela Cochrane. Publicado em 2013, envolveu 341342 indivíduos (na faixa etária de 45 a 80 anos) e concluiu que a dosagem do PSA de rotina anualmente não diminuiu a mortalidade por câncer de próstata. Esse estudo, essa meta-análise foi um balde de água fria nos defensores da dosagem do PSA.
Após este e vários outros trabalhos, em vários países como Austrália e Reino Unido, a decisão de realizar a dosagem do PSA é compartilhada entre o médico e o paciente. Já no Canadá, por exemplo, não existe indicação médica para a dosagem do PSA como exame preventivo. Nos Estados Unidos, várias mudanças transcorreram nesses últimos anos. Desde 2010, 2012, 2013 até 2017, quando criou-se um consenso: em homens com menos de 49 anos não se faz dosagem do PSA; entre 50 a 69 anos, a indicação de dosagem de PSA é compartilhada entre o médio e o paciente, entre fazer e não fazer; em homens com mais de 70 anos, é de acordo com os sintomas durante a consulta.
E como fica o nosso Brasil?
A Sociedade Brasileira de Medicina e o Instituto Nacional do Câncer não indicam dosagem de PSA de maneira preventiva. Já a Sociedade de Urologia Brasileira definiu como regra: em indivíduos entre 40 e 50 anos, a decisão é compartilhada; indivíduos com mais de 45 anos que sejam negros e com história familiar positiva devem fazer a dosagem do PSA; homens com mais de 75 anos, se o indivíduo tem nenhuma comorbidade (ou seja tem uma expectativa de vida maior que de 10 anos), a dosagem de PSA deve ser indicada preventivamente.
Em resumo, no Brasil, a dosagem de PSA deve ser discutida com o urologista e é, preferencialmente, realizada entre 50 e 75 anos. Os extremos, ou seja abaixo de 45 anos, é apenas para negros e indivíduos com história familiar positiva e, quando acima de 75 anos, deve-se avaliar o histórico de doenças desse indivíduo, como hipertensão, infarto, diabetes e outras.
O exame preventivo para o exame de próstata continua sendo a dosagem do PSA e o toque retal, que são estratégias preventivas. Portanto devemos ficar atentos aos sintomas de prostatismo e discutir, com o nosso médico, a indicação ou não da dosagem do PSA.
José Altino – CRM 73227
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