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28 de junho de 2020 by Blog do Corp 0 Comments

Você está em dia com seus exames preventivos para o rastreamento de câncer neste período de surto do COVID-19?

Olá. Sou José Altino, médico oncologista do CORPCentro de Oncologia de Rio Preto.

Hoje, vou falar sobre a importância dos exames de rastreamento, ou seja, exames preventivos de check-up durante este período da pandemia do COVID-19.

Devemos traçar uma linha do tempo: se essa pergunta me fosse feita na primeira quinzena do mês de março, minha resposta seria “Vamos aguardar o término da pandemia”.

Porém, já estamos no final do mês 6, mês de junho e ainda não temos uma previsão concreta do término da pandemia do COVID-19 e obviamente não podemos ficar aguardando para fazer os nossos exames preventivos sem essa previsão.

E também não podemos nos basear nos sintomas ou seja tosse, enjoo, vômitos, sangramento intestinal ou sangramento vaginal ou mesmo alteração no exame físico das mamas para, então realizar os exames, pois sabemos que vários tumores são totalmente silenciosos e quando se manifestam já se manifestam em fase avançada da doença e com menor índice de curabilidade.

Baseado nisso, fazemos duas reflexões, ou seja: como ficará o cenário no Brasil ou em qualquer outro país para a realização de exames de check-up como colonoscopia, endoscopia, ultrassom, mamografia ao término da pandemia do COVID-19?

Sabemos que teremos dificuldade no agendamento, sendo assim, boa prática é o agendamento desses exames com maneira distanciada para evitar aglomeração, utilização de máscaras de proteção, higienização das mãos rigorosamente são extremamente indicados e deve-se realizar prioritariamente os exames preventivos que indivíduos com história familiar positiva, indivíduos com hábito de vida que aumentam o risco de câncer entre eles: tabagismo, sedentarismo, obesidade e outros. Pessoas que já apresentam alguns sintomas como sangramento vaginal, sangramento intestinal, tosse persistente ou dor sem uma causa óbvia e pessoas com baixo risco de complicação do COVID-19. E quais são essas pessoas? São pessoas abaixo de 60 anos, pessoas sem diabetes, sem cardiopatia, ou seja, pessoas relativamente saudáveis.

Esta opinião não é uma opinião pessoal, pois já existe um estudo que comparou o número de casos novos de câncer no primeiro semestre do ano de 2019 comparado com o número de casos novos do primeiro semestre do ano de 2020 e foi identificado uma subnotificação de casos novos de câncer. Portanto, esses casos continuam existindo, porém, não estão sendo feitos os diagnósticos.

Dr. José Altino – CRM 73227

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25 de junho de 2020 by Blog do Corp 0 Comments

Diferenças entre câncer genético, familial e esporádico.

Olá!
Eu sou José Altino, médico oncologista do CORP – Centro de Oncologia Rio Preto.
Hoje, vamos conversar sobre a diferença entre câncer genético, familial e esporádico.

O câncer esporádico é aquele que ocorre em pessoas sem uma história familiar, podendo ter ou não relação com os fatores de risco. Um bom exemplo, é o câncer de pulmão que pode ocorrer em pessoas sem nenhuma história familiar e relacionado com o hábito do fumo.

O câncer genético é aquele que ocorre em pessoas, geralmente, com uma história familiar positiva e muito mais frequentemente os tumores relacionados são de mama, ovário e intestino, numa ordem de, aproximadamente, 20 a 25, 30% dos casos. O médico deverá colher uma história familiar do paciente discriminando quais foram os parentes, a relação deste paciente e seus familiares e quais os tipos de tumores que ocorreram na família bem como a idade na qual foi feito o diagnóstico. Isso é conhecido como história familiar, também tecnicamente conhecido como Eridograma.
Baseado no Eridograma, o geneticista vai solicitar um exame que é o teste genético para uma análise detalhada do DNA do paciente em busca de uma mutação genética. Nesse caso, se estabelece que o paciente tenha ou não um câncer genético. Um bom exemplo são aqueles casos em que se tem uma história familiar com vários casos de câncer de mama e de ovário entre mãe, irmã, tias e avós e se define qual a idade na qual começou o câncer do ente querido mais novo.
Por exemplo, se o parente teve câncer de mama aos 45 anos. Então, devemos fazer o rastreamento desta família 10 anos antes do caso mais jovem que ocorreu. Então, no caso de 45 anos, o familiar aos 35 anos começa a ter a necessidade de fazer um rastreamento familiar baseado nessa presença ou não do teste genético positivo.

E qual que é a diferença do câncer genético e o câncer familial?
É exatamente o fato de ter ou não a confirmação do teste genético positivo, pois pode acontecer casos de pessoas que tenham história familiar com vários membros acometidos, como mama, ovário, rim, fígado e outros casos, no entanto, o teste genético não vem positivo, ou seja, talvez o teste genético não tenha sido capaz de fazer a detecção da mutação genética desta família, portanto, uma limitação técnica do sequenciamento do DNA, ou seja, do código da herança familiar daquela pessoa. Ou quando ocorre mutações ainda desconhecidas do ponto de vista médico, pois apesar de existir grandes avanços nessa questão do sequenciamento genético, os geneticistas, cientistas e médicos ainda não têm um conhecimento de todas as patologias envolvidas.
Então, a diferença entre genético e familial é justamente a presença ou ausência de uma comprovação do teste genético, mas ambos os casos têm uma história familiar positiva de diversos tumores e de várias gerações envolvidas.

José Altino – CRM 73227

21 de junho de 2020 by Blog do Corp 0 Comments

Protocolo de tratamento em época de COVID-19

Olá! Sou José Altino ( CRM 73227 ), médico oncologista do Corp, Centro de Oncologia de Rio Preto.

Nossa conversa hoje será sobre pontos cruciais no tratamento dos pacientes oncológicos nesta época de surto do COVID-19.

Inicialmente, o que mudou no tratamento?

Devemos separar tratamento oncológico em cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou tratamento alvo-molecular.

As cirurgias, de uma maneira geral, deverão ser postergadas atualmente pois os serviços hospitalares já estão sobrecarregados com falta de medicamentos, falta de leito de UTI e até mesmo por conta do risco maior de infecção neste período de surto do COVID-19.

Já a quimioterapia citotóxica, ou seja, a quimioterapia convencional apresenta como efeito colateral principal a queda da imunidade. Ou seja, a diminuição da resistência para diversas infecções, entre elas, o COVID-19. Se a quimioterapia é fundamental para o controle tumoral ou mesmo com a intenção curativa, deverá ser mantida pois é uma maneira de postergar intervenções cirúrgicas e com isso é mais seguro manter a quimioterapia convencional do que seguir num procedimento cirúrgico.

O fato é que existe, no momento, algumas estratégias, como: o uso de fator de crescimento de colônias; medicamento este que estimula a produção da defesa orgânica do paciente minimizando o risco de infecção e ainda suplementos alimentares específicos que acabam por estimular a defesa orgânica do paciente e diminuindo o risco de infecção.

O médico oncologista, sempre que possível, deverá fazer a opção por medicamento via oral para evitar o deslocamento do paciente da sua residência para o hospital ou centro infusional, centro de quimioterapia.

Com o tratamento via oral ou o tratamento hormonal pode também permitir um bom controle tumoral para alguns tipos de tumores. O melhor exemplo entre eles é o tumor de mama e de útero que apresentam dados científicos de segurança e eficácia neste tipo de abordagem. Neste momento, na conversa cabem algumas ressalvas. Como citei, devemos ter estudos científicos que evidenciam segurança e eficácia para o tipo de tumor em tratamento e não esquecer a compreensão e adesão do paciente ao tratamento via oral, pois, infelizmente, ainda existem pacientes que menosprezam a importância do comprimido na sua vida.

Não podemos deixar de falar ainda do acesso ao medicamento via oral, pois existem medicamentos oncológicos com aprovação de bula, registro na ANVISA, que o Órgão Regulamentador do tratamento dentro do Brasil. No entanto, ainda este medicamento em via oral deverá estar dentro do hall da ANS, lista de medicamentos autorizados e liberados pelos convênios e caso o medicamento seja fornecido pelo SUS – Sistema Único de Saúde, temos a preocupação com a ingesta do medicamento no horário certo e a manutenção do fornecimento deste medicamento via oral. Portanto, o tratamento via oral não é para todos os tipos de tumores e nem para todos os pacientes.

Em resumo, sendo possível o tratamento via oral, melhor. E sempre prolongando o tratamento hormonal quimioterápico, imunoterápico e mesmo tratamento molecular para adiarmos os procedimentos cirúrgicos. Restringir, ainda, os possíveis exames radiológicos endoscópicos nos pacientes em tratamento oncológicos para minimizar a exposição ao COVID-19.

12 de junho de 2020 by Blog do Corp 0 Comments

Relação do cônjuge com o paciente em tratamento oncológico.

Olá!
Hoje, dia doze de junho, dia dos namorados, eu vim aqui conversar um pouquinho com vocês sobre a relação do cônjuge com o paciente no tratamento oncológico.
Meu nome é Vanessa Lourenção. Sou psicóloga do Centro de Oncologia Rio Preto.

Todos os membros da família ficam afetados emocionalmente quando um ente querido adoece.
E quando a gente pensa num relacionamento entre marido e mulher ou entre namorados, muitas coisas acabam sendo afetadas pelo tratamento: a questão da intimidade, por exemplo, pois ela fica comprometida. E daí, qual que é a importância desse casal entender as transformações decorrentes do adoecer?
É importante que nesse período de tratamento, tanto o paciente quanto o seu parceiro ou parceira, que eles tenham uma conversa sobre o que está acontecendo.
O quanto os papéis serão invertidos ou não devido ao tratamento oncológico, o quanto que eles podem se ajudar nesse processo do tratamento, alguns fatores acabam tendo peso nesse processo de adoecer. Para aqueles que são casados: o tempo de casamento é um fator relevante para o amadurecimento do casal, a presença de filhos, se os filhos ainda moram com eles ou se esses filhos já foram construir sua família…
Então, dependendo da etapa, da fase de vida, do ciclo do casamento eles acabam tendo alguns prejuízos da intimidade e a doença pode ser mais um fator que gera um distanciamento.

A gente ouve falar muito sobre casais que acabam se separando durante o tratamento e acaba
entrando em um julgamento sobre o cônjuge, por ter sido parceiro ou não mas a gente também não pode esquecer que existia um relacionamento antes da doença. E como eles conviviam com esse casamento, quais eram os acordos de fidelidade, de amizade e de companheirismo entre eles então tudo isso acaba ficando mais evidente no processo do tratamento.
Então é importante que a gente entenda como esse casal funciona, quais são os contratos entre eles em relação a manutenção desse relacionamento e que a gente acabe reforçando a importância do apoio mútuo em relação ao tratamento e até em relação às tarefas domésticas, em relação às finanças, em relação ao cuidado dos filhos ou netos e também nos cuidados práticos de tratamento.

Também é importante a gente evidenciar a questão da intimidade, da sexualidade do casal. A gente sabe que muitos casais acabam não tocando nesse assunto por medo e preocupação de gerar um distanciamento ainda maior, porque dependendo do tipo de câncer que está sendo tratado a questão da intimidade pode ficar diretamente prejudicada e aí é importante trabalhar esse resgate do desejo sexual, que vai muito além do ato sexual. Tem a questão do afeto, do toque, do carinho. Tudo isso tem que ser evidenciado durante o tratamento pois sentir que o seu cônjuge, o seu parceiro está ali junto, independente da intimidade, isso fortalece o paciente para que ele continue a caminhada e termine seu tratamento de uma forma bem sucedida e tranquila.

Para a mulher, a queda do cabelo, no caso do câncer de mama que tem uma mutilação por ter que retirar a mama, no homem a questão do câncer de próstata que mexe diretamente com a sexualidade são fatores que acabam deixando o casal muito inseguro então é importante que eles conversem bastante sobre isso, estabeleçam novos acordos e se apoiem!

E por último a questão da comunicação também é muito importante que esse casal tenha uma boa comunicação. É natural e acontece bastante o cerco de silêncio no período do tratamento. O cônjuge ou os filhos não querem conversar sobre o grau da doença, a evolução, o prognóstico. Sobre o quanto que isso tem afetado a vida deles, sobre o risco de vida ou não que esse paciente corre e até algumas decisões importantes para família que devem ser tomadas junto com o paciente então é importante que a comunicação entre o casal e na família seja bem trabalhada, bem presente para que os acordos sejam feitos e que eles se sintam seguros independente do que poderá acontecer porque isso envolve prognóstico, envolve tipo de tratamento. Mas a comunicação deve estar presente e bem estabelecida desde o início e até o término do tratamento ou fim de vida do paciente.

Vanessa Cristina Lourenção – Psicóloga – CRP 06/84913

11 de junho de 2020 by Blog do Corp 0 Comments

Coronavirus e Gravidez

Foi liberado um novo estudo publicado pelo International Journal of Infectious Diseases, com uma análise de 28 mulheres grávidas e 54 não gestantes, internadas com COVID-19 confirmada, entre 15 de janeiro e 15 de março, no Hospital Central de Wuhan, na China.

Caso queira, pode acessar diretamente a publicação por este link: https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(20)30280-0/fulltext

O estudo foca no comportamento do novo coronavirus em gestantes, já que é sabido que durante a gravidez há uma adaptação imunológica especial.

Leia na íntegra:

Coronavirus disease 2019 in pregnancy

Qiancheng X, Jian S, Lingling P, Lei H, Xiaogan J, Weihua L, Gang Y, Shirong L, Zhen W, GuoPing X, Lei Z; sixth batch of Anhui medical team aiding Wuhan for COVID-19.

As mulheres grávidas desenvolvem uma adaptação imunológica especial, necessária para manter a tolerância ao feto, modulado pela supressão da atividade das células T, predispondo-as a infecções virais. Durante a pandemia de influenza H1N1 de 2009 e na epidemia por síndrome respiratória aguda grave (SARS), observou-se que as gestantes tinham maior chance de desenvolver pneumonia grave, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), necessidade de ventilação mecânica e óbito, em comparação com mulheres não gestantes em idade reprodutiva.

No presente estudo, desenvolvido no Hospital Central de Wuhan, China, foram revisados os registros médicos de mulheres grávidas e mulheres não gestantes em idade reprodutiva (considerado entre 18 e 41 anos), internadas com COVID-19 confirmada, entre 15 de janeiro a 15 de março de 2020. O objetivo era comparar a evolução nos dois grupos e transmissão do SARS-CoV-2 para o feto.

Os desfechos de interesse incluíram gravidade da COVID-19, período de hospitalização, tempo para a eliminação viral e potencial de transmissão vertical.

Foram incluídas 28 mulheres grávidas e 54 mulheres não gestantes em idade reprodutiva. Não havia diferença significante entre os dois grupos, em relação à idade (p = 0,097) e presença de comorbidades (p = 0,062). As mulheres grávidas tiveram um período mediano mais curto desde o início da doença até a admissão, em comparação com as mulheres não grávidas (p < 0,001), o que pode ser explicado pelo tempo de espera para os testes serem menores para pacientes prioritários.

As principais queixas na admissão foram pouco diferentes, com febre e tosse sendo mais frequentes no grupo não gestante, enquanto dor abdominal foi relatada apenas entre as gestantes.

Duas (7,1%) pacientes do grupo gestante apresentaram COVID-19 leve, mas maioria dos pacientes foi classificada como pneumonia moderada (24, 85,7% vs. 53, 98,1%). Apenas duas (7,1%) pacientes no grupo gestante e uma (1,9%) no grupo não gestante foram classificadas como pneumonia grave. Nenhum óbito foi relatado nos dois grupos.

A regressão univariada demonstrou não haver associações significativas entre gravidez e tempo de eliminação viral (HR 1,16, IC 95% 0,65-2,01; p = 0,62), tempo de hospitalização (HR 1,10, IC 95% 0,66-1,84; p = 0,71) e gravidade de doença (OR 0,73, IC 95% 0,08–5,15; p = 0,76).

A idade gestacional mediana na admissão foi de 38 semanas (IQR, 36,5-39), com três (10,7%) no primeiro trimestre, um (3,6%) no segundo trimestre e 24 (85,7%) no terceiro trimestre. As gestantes no primeiro e segundo trimestre decidiram por si próprias pela interrupção da gravidez. Duas gestantes no início do terceiro trimestre continuaram a gravidez (30 e 33 semanas gestacionais, respectivamente) no momento da escrita do artigo, enquanto as outras (22, 78,6%) tiveram 23 nascidos vivos (incluindo dois gêmeos) por cesariana (17, 60,7%) ou parto vaginal (5, 17,9%). Uma paciente teve parto prematuro com 35 semanas gestacionais, mas teve um recém-nascido saudável pesando 2940 g. Apenas um dos gêmeos nascidos tinha peso de nascimento inferior a 2500 g (2350 g). O peso mediano dos recém-nascidos foi de 3130 g (IQR, 2915-3390). Não se verificou morte fetal, morte neonatal ou asfixia neonatal. Todos os neonatos tiveram pelo menos dois testes negativos para SARS-CoV-2 por reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), com intervalo de 24 a 48 horas, sem qualquer resultado positivo; portanto, nenhum neonato foi infectado.

Pelos achados do presente estudo, as mulheres grávidas tiveram evolução semelhante à mulheres não grávidas em idade reprodutiva infectadas com SARS-CoV-2. Também não se evidenciou transmissão vertical, mas os pesquisadores alertaram que as gestantes avaliadas foram infectadas no final da gravidez, impossibilitando analisar o potencial de transmissão do vírus nos primeiros trimestres.

Referências:

  1. Qiancheng X, Jian S, Lingling P, et al. Coronavirus disease 2019 in pregnancy. Int J Infect Dis. 2020. doi: 10.1016/j.ijid.2020.04.065. [Epub ahead of print]

*As opiniões da publicação são de seus autores e não expressam necessariamente a opinião ou as recomendações do CORP.