Março Azul Marinho – Mês de Conscientização sobre o câncer colorretal
Olá pessoal, tudo bem? Eu sou Dra. Valeska do Carmo, oncologista clínica do Centro de Oncologia Rio Preto, Oncoclínicas. O vídeo de hoje é sobre tumores colorretais.
O que são os tumores colorretais
Primeiro, vamos entender o que são tumores colorretais. Quando falamos de tumores colorretais, nos referimos aos tumores do intestino grosso, que compreende o Ceco, Colon ascendente, Colon transverso, Colon descendente, sigmoide e Reto. Vários tipos de tumores podem acometer esse órgão, mas o mais comum é o adenocarcinoma.
Este ocupa a terceira colocação em incidência de tumores no mundo e está na segunda posição de incidência no Brasil, tanto para homens – perdendo apenas para a próstata – quanto para mulheres – perdendo apenas para o câncer de mama. Apesar de ser um tumor altamente incidente, é pouco divulgado e muitas pessoas desconhecem os cuidados que podem ter.
Fatores de risco
Então, vamos falar um pouquinho aqui sobre os fatores de risco. Aproximadamente 10% desses tumores estão relacionados a fatores genéticos, ou seja, a pessoa vai herdar uma mutação genética e isso vai desencadear esse tumor, independente do que ela possa fazer para modificar essa história natural. No entanto, 90% desses tumores têm como causas fatores ambientais como tabagismo, sedentarismo, obesidade, baixa ingestão de frutas, legumes e verduras, e alta ingestão de carboidratos, gorduras, açúcares, alimentos processados e embutidos.
Existe toda uma questão em volta da carne vermelha, mas não há nada muito comprovado. A recomendação da Organização Mundial de Saúde é para que haja uma ingestão máxima de 500 g na semana de carne vermelha, mas ela não é proibitiva. Isso é o que podemos fazer para tentar mudar a história natural desse tipo de tumor.
Como evitar
O que podemos fazer para evitar que ele apareça? Existe também o exame de rastreamento, sendo o principal e melhor exame, conhecido como Gold Standard, a colonoscopia. O paciente é sedado e um aparelho é introduzido através do ânus para visualizar todo o intestino grosso. O paciente não sente nada durante o exame. O que realmente incomoda é o preparo, onde é necessário passar por alguns dias com uma dieta restritiva e, depois, por alguns laxantes para limpar todo o trajeto do intestino grosso.
Este é um exame muito importante que, antigamente, era recomendado a partir dos 50 anos. No entanto, a incidência desse tipo de tumor vem cada vez mais diminuindo sua faixa etária, fazendo com que os órgãos de saúde indiquem a realização do exame a partir dos 45 anos. Todo mundo, assim como tem todos os exames de rastreamento para a mama e para a próstata, deveria passar por uma colonoscopia a partir dos 45 anos.
Algumas pessoas têm indicação de realizar esse exame numa idade mais precoce devido a alguns fatores, como algumas doenças inflamatórias do intestino que também são fatores de risco para o câncer de intestino grosso, ou porque têm alguns fatores familiares ou genéticos. Para isso, recomendo que mantenham sempre os seus exames de rastreamento em dia, com as consultas com seus médicos de rotina, para que assim consigam determinar tanto a frequência com que deve ser realizado esse exame, a idade de início para realizá-lo e assim conseguir fazer o diagnóstico precoce do tumor.
Lembrando também que a colonoscopia não só vai visualizar se tem ou não o tumor, mas também vai conseguir visualizar se existem pólipos no intestino, que são lesões muitas vezes pré-cancerosas, para evitar que com o tempo evoluam para um tumor maligno. E também lembrando de que os tumores malignos podem sim ser curáveis. As chances ficam cada vez maiores de cura quando são diagnosticados no início.
Minha recomendação aqui é que tentemos mudar nossos hábitos de vida e mantenhamos nossos exames e a frequência de consulta com os nossos médicos em dia. Para maiores esclarecimentos ou dúvidas, nos sigam nas redes sociais. Muito obrigada.