Ela descobriu um câncer na mama. Chorou. Sofreu. Depois, com a ajuda da família, decidiu lutar pela vida, inclusive, sem nunca perder a vaidade e muito menos sua autoestima. Com essa decisão, a dona de casa Helen Cristina, de 37 anos, que atualmente continua em tratamento, se tornou inspiração para outras mulheres, pacientes do mesmo hospital, o Napoleão Laureano, em João Pessoa. Ela incentiva o cuidado com a beleza feminina como forma de enfrentamento à dor da quimioterapia.
“Às vezes a gente acorda sem vontade, mas mesmo sem vontade vai para o espelho e ajeita a sobrancelha, passa um batom e vai para o portão de casa para que vejam que somos bonitas. Somos mulheres que lutam pela nossa vida”, diz Helen Cristina sobre como ela e suas amigas, conhecidas no hospital, encaram o duelo com o câncer.
Segundo ela, quando alguém diagnostica uma doença dessa, começa a ver o dia completamente diferente. Helen conta que perceber a sua beleza sendo furtada pela doença não é fácil, porém, não se deixa abalar.
“O cabelo começou a cair, mas não me abalei”, frisa. E, ao invés de se ‘render’ ao desleixo, explica que desde o início do tratamento até hoje, sempre se vestiu bem para ir ao hospital. “As pessoas, e até mesmo os médicos, me elogiavam e isso foi sendo muito bom pra mim. Foi parte do tratamento”, relata.
Para a psicóloga Andreia Cláudia, a ação de Helen é bem válida e também ressalta que a beleza da mulher não está só no exterior, mas também naquilo que é interno e, por isso, é preciso também ajudar não só aquilo que foi ‘mutilado’ exteriormente pela doença.
A beleza da luta
O trabalho de elevar a autoestima das mulheres com câncer começou quando Helen percebeu que as pacientes do mesmo hospital que ela “estavam vestidas como se fossem morrer durante o tratamento”. Ela explica que, na verdade, não pode ser assim, porque elas estão indo lutar pela vida. Então, começou a doar batons para as outras mulheres, conversar com elas e falar da importância do cuidado com a autoimagem. Depois disso, passou a doar outros objetos de beleza e, aos poucos, pessoas e parceiros foram ajudando e cada vez mais mulheres foram recuperando sua autoestima e sua esperança.
“Quando a gente se vê no tratamento, vemos o quanto precisamos de apoio. As pacientes são parte da minha família. Enquanto estamos ali criamos uma festa, praticamente”, diz ela.
De acordo com Helen Cristina, as mulheres não podem perder o desejo de estarem bonitas por estarem doentes, pois se manter bonita, bem cuidada, serve como um remédio. Para contribuir com as outras pacientes, ela diz que distribui kits de maquiagens no hospital e dá dicas de moda, que também são compartilhadas nas redes sociais.
Além disso, ela mantém uma oficina de confecção de turbantes para doação às pacientes do Hospital Laureano e os entrega semanalmente.
Autoestima nas redes sociais
O incentivo à autoestima acontece de diferentes formas. Nas redes sociais ela criou uma página no Facebook que já está com cerca de 500 seguidores em apenas três meses, onde posta dicas de beleza, moda e fotos dela mesma com vários ‘looks’.
“Meu objetivo é ajudar outras meninas, não apenas as que estejam no Laureno, ou até mesmo que não tenham câncer, mas que estejam desmotivadas com a vida. A mulher precisa ser guerreira e cada uma tem a sua luta”, acrescenta Helen.
Há também um grupo no WhatsApp, criado por ela, com cerca de 35 mulheres para promover uma maior interação e comunicação durante todo o dia entre aquelas que enfrentam a mesma batalha. “Às vezes o tratamento deixa você mais emotiva, não é fácil. Nós damos forças umas as outras e tentamos ajudar nas necessidades que vão surgindo”, conta.
por G1 21/06/2016