Olá, sou José Altino, médico oncologista do Centro de Oncologia de Rio Preto e hoje vou falar sobre o tratamento de imunoterapia nos pacientes com câncer e as alterações imunológicas decorrentes da infecção do COVID-19.
Atualmente, vários tipos de tumores são tratados com imunoterapia.
Entre eles: melanoma maligno, tumor de pulmão, tumor de rim, tumor de estômago, cabeça e pescoço, fígado, dentre outros. O tratamento de imunoterapia ativa o nosso sistema imunológico para que as nossas células de defesa possam reconhecer as células tumorais e estas células de defesas vão combater as células tumorais, portanto, fazer a ativação do sistema imunológico de uma maneira benéfica e a grande vantagem da imunoterapia é que a redução tumoral, geralmente, apresenta uma durabilidade maior, ou seja, um mecanismo de memória, portanto, é uma durabilidade maior e os efeitos colaterais, geralmente, menores do que uma quimioterapia convencional. Como, por exemplo, queda de cabelo, vômitos, alterações do paladar, não que a imunoterapia não tenha efeito colateral, mas comparado com quimioterapia convencional são extremamente menores as complicações.
Vou passar um vídeo mostrando o mecanismo de ação da imunoterapia:
Atualmente, a imunoterapia representa uma revolução do tratamento do câncer.
Ela é uma opção de tratamento que induz o combate das células cancerígenas pelo sistema imunológico do próprio organismo. Nosso organismo é capaz de reconhecer o tumor como um corpo estranho desde a sua origem só que, com passar do tempo, esse tumor passa a se disfarçar para o nosso sistema imunológico aproveitando para se desenvolver.
A imunoterapia busca reativar essa resposta imunológica contra o agente agressor. Por meio do bloqueio dos fatores que inibem o sistema imunológico, as medicações provocam o aumento da resposta imune estimulando a atuação dos linfáticos e procurando fazer com que eles passem a reconhecer o tumor como um corpo estranho, atacando-o.
Neste vídeo, as células de defesa, conhecidas como linfócitos, são ativadas para combater as células tumorais, como já foi dito. Em contrapartida, já na infecção pelo Coronavírus, há, também, uma estimulação do sistema imunológico para a produção de citocinas, que são glicoproteínas, ou seja, substâncias que podem apresentar uma ação pró-inflamatória ou uma ação inibitória da inflamação.
Então, essa citocina pode ter um efeito estimulador ou inibidor da inflamação. Assim, começamos a entender porque algumas pessoas apresentam uma evolução do COVID-19 praticamente assintomática, provavelmente, por um predomínio da liberação de citocinas anti-inflamatórias, ou seja, inibitórias e outras pessoas apresentam a liberação de citocinas com estímulo para a inflamação e portanto apresentar um quadro de inflamação grave, principalmente, no pulmão sendo necessária a internação na UTI para um suporte médico mais avançado. Porém, não sabemos como vai ser a nossa reação, ou seja, do nosso organismo perante a infecção do COVID-19. Pode haver um predomínio das citocinas inflamatórias estimulando o sistema inflamatório de uma maneira significante ou, então, o predomínio de citocinas inibitórias. Para isso, vou mostrar um vídeo para maior entendimento.
O que são citocinas? Resumindo de grosso modo, são pequenas proteínas que estão liberadas por diversas células do nosso organismo, sendo que essa liberação só ocorre por meio de uma resposta de algum estímulo celular externo, ou seja, é necessário ter acontecido alguma coisa para que a liberação seja feita. Elas são proteínas de comunicação celular que afetam o comportamento das células provocando alguma ação. Podem não ser a produção de moléculas biologicamente ativas ou outras citocinas. As citocinas estão diretamente relacionadas ao processo de inflamação podendo ser pró-inflamatórios ou regulando negativamente a inflamação. Elas têm o poder de fazer regulações imunológicas e mudar perfis de ações celulares promovendo imunomodulação dependendo da situação. Muitas das células do sistema imune participam da tempestade de citocinas, mas temos que dar destaque aos macrófagos, aos neutrófilos, às células dendríticas e, também, aos linfócitos NK, porque elas têm papéis importantíssimos na construção da tempestade de citocinas.
Está vendo esse Th’s? Esses são perfis de citocinas. São configurações que as células do nosso sistema imune seguem. Provocam ações específicas e facilitam o trabalho do sistema todo para que o organismo consiga retornar à homeostase de uma forma mais eficaz e voltar ao estágio original de como nosso organismo estava. Cada citocina se enquadra em um perfil ou vários ao mesmo tempo, dependendo da sua função.
No vídeo, podemos observar que, realmente, existem citocinas como Th2, Th9 que se relacionam com a defesa do nosso organismo contra, inclusive, os helmintos.
O que são helmintos? São os vermes.
Por isso, que existe um fundo de verdade, uma premissa científica que a Ivermectina possa trazer benefício no controle do COVID-19 porque pode realmente modular o sistema e a liberação de citocinas.
Em resumo, o sistema imunológico do nosso organismo é extremamente importante com uma capacidade de nos salvar. Porém, também, com uma capacidade de nos causar complicações graves com risco de morte. Não temos o controle absoluto do nosso sistema imunológico e, portanto, não tem como prever como vai ser a liberação dessas citocinas perante o COVID-19. Então, sendo assim, não existindo uma maneira de predizer qual é o predomínio das citocinas, o que devemos fazer é evitar aglomeração social, manter o máximo de higiene das mãos com água e sabão ou álcool em gel e a utilização de máscaras. Tudo isso é fundamental para prevenção do COVID-19.
Esse vídeo mostra muito bem que o nosso sistema imunológico pode agir controlando câncer, controlando diversas infecções, mas, também pode exacerbar complicações inflamatórias importantes.
José Altino – CRM 73227
Vídeos: Grupo Oncoclínicas e canal do Youtube Immunity Factory
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