Olá! Sou José Altino, médico oncologista do Corp – Centro de Oncologia de Rio Preto.
Hoje, vamos conversar a respeito de vacina.
A primeira vacina descoberta no mundo foi em 1749, na Inglaterra: a vacina contra varíola. A partir de então, várias outras vacinas foram descobertas e são utilizadas até a presente data.
Na população adulta, atualmente, cinco são as doenças mais preocupantes. Entre elas: Sarampo, Febre Amarela, Hepatite B, Influenza (a vacina da gripe) e, mais recentemente, o Covid-19, Coronavírus.
Muito se fala de eficácia das vacinas. As vacinas da Hepatite B, Sarampo e Febre Amarela apresentam uma eficácia ao redor de 80 a 90%. Já a vacina da Influenza apresenta uma eficácia que pode variar de 40 a 90%. E a do Covid-19? Fica ao redor de 50 a 94, 95%.
A eficácia é a capacidade da vacina de evitar o desenvolvimento da doença, após a sua aplicação, ou então, quando a doença se manifeste, seja com quadro mais brando, com menor complicações. Então a eficácia significa: ausência total do desenvolvimento da doença ou a doença com complicações e manifestações mais suaves.
Foi aprovado para uso emergencial no Brasil, dia 17 de Janeiro de 2021, a vacina Coronavac. Ela foi investigada, no Brasil, com 12.607 voluntários, sendo que 6129 fizeram uso da vacina Coronavac e 6129, fizeram uso do placebo. Cabe ressaltar que nenhum paciente sabia se estava no grupo do placebo ou no grupo da vacina. Portanto, um estudo chamado de duplo-cego. Nem o paciente nem investigador, que no caso é o médico, tinha consciência do que estava sendo aplicado naquele voluntário.
Os voluntários foram os profissionais da área de saúde, pois existia uma urgência para análise dos dados. Os profissionais de saúde têm contato, mais frequentemente, com o vírus Covid-19 e, por isso, eram as pessoas ideais para participar do estudo. População adulta: de 18 a 60 anos (incluindo acima de 60 anos). Esse estudo começou em julho de 2020 e foi finalizado – a inclusão de pacientes – dia 18 de dezembro de 2020. Foi analisado e trabalhado em 16 centros (16 hospitais) dentro do Brasil.
De acordo com os dados desse estudo, foi permitida a liberação para a utilização emergencial da Coronavac no Brasil, pois apresentou uma eficácia global de 50,4% e, dentro desses 6129 pacientes que utilizaram a vacina, não ocorreu nenhum caso de covid-19 com necessidade de internação em UTI, ou seja, de ventilação mecânica. 78% dos casos de Covid-19 (Coronavírus) que se manifestaram no grupo dos pacientes que havia utilizado a vacina apresentaram quadros leves. Muitas das vezes, nem necessitando de internação, apenas de cuidados em casa. Portanto a vacina cumpriu a sua missão, ou seja, diminuiu o risco de complicações do covid-19 de maneira brilhante. Nenhum caso com manifestação grave e 78% com manifestações brandas.
A Coronavac não apresenta licença definitiva em nenhum país, mas já está sendo usada na China, na Turquia e na Indonésia, em uso emergencial.
Por que existe diferenças de eficácia entre as vacinas do Covid-19? Provavelmente por conta que uma trabalha com vírus atenuado (inativado), enquanto outras duas com RNA vírus e as duas outras – que é a de Oxford e a russa –, trabalham com vetor viral. Provavelmente a diferença de eficácia se deva a esse fator.
O que devemos levar em consideração ainda é a condição de armazenamento dessas vacinas, pois a vacina Coronavac – a chinesa – pode ser armazenada em temperaturas ao redor de 5 graus bem como a de Oxford. Isso facilita o transporte e o acondicionamento dessas vacinas nos postos de saúde, sem influenciar na qualidade e na viabilidade da vacina. Já a vacina da Moderna e a Sputnik necessitam de armazenamento com temperaturas a menos de 18 e 25 graus. A vacina da Pfizer necessita de uma temperatura a menos de 70 graus para o seu armazenamento. Isso é importante por que? Porque se a vacina não for armazenada na temperatura ideal, ela perde a sua eficácia. Então, a gente estaria recebendo uma medicação (uma vacina) já sem eficácia alguma, pela falta de condição adequada de armazenamento.
E os efeitos colaterais?
Os efeitos colaterais do Trabalho em voluntários do a Coronavac foram extremamente baixos. Complicações graves? Nenhuma: zero! Complicações de grau 1 ou grau 2, ou seja, complicações de baixa complexidade? Ao redor de 10%. A principal complicação da vacina? Dor no local da aplicação. É sabido que todas as vacinas apresentam como efeito colateral febre, dor no local da aplicação, indisposição e fadiga – são sintomas extremamente comuns em qualquer tipo de vacinação. E isso aconteceu ao redor de 50,8% dos pacientes dessa pesquisa. Portanto é uma vacina extremamente segura. E aí existem alguns grupos que advogam que a vacina tem risco de morte e isso é infrequente.
Contra indicação para o uso da vacina Coronavac:
Pacientes que já tenham apresentado reação anafilática com outras vacinas previamente, ou paciente que seja alérgico ao polietileno glicol (que é um componente químico presente em alguns laxantes) e o polissorbato (que é um componente químico emoliente utilizado em alguns produtos cosméticos). Portanto a contra indicação para aplicação da Coronavac é muito baixa! Apenas essas três situações, em que pacientes já apresentaram reação anafilática a outras vacinas ou que têm alergia a um desses componentes (o polietileno glicol e polissorbato). De uma maneira geral, os efeitos colaterais são ao redor de 5 a 10%, enquanto os sintomas de febre, dor no local da aplicação, indisposição e fadiga (cansaço) podem ocorrer ao redor de 50% dos pacientes, podendo perdurar até sete dias. Mas são efeitos totalmente pertinentes e comuns para qualquer tipo de vacinação.
Os pacientes oncológicos vão poder fazer o uso da vacina Coronavac? Sim.
Os pacientes oncológicos, mesmo em tratamento quimioterápico, podem utilizar a vacina Coronavac. Esse conhecimento se faz a partir do fato de que outras vacinas já são utilizadas, entre elas, a influenza, e sem risco algum para o paciente em quimioterapia. Porém, é sabido que existe uma diminuição da eficácia, uma diminuição da produção de anticorpos, nos pacientes em quimioterapia porque a imunidade costuma estar mais baixa. Sendo assim, os pacientes oncológicos, em quimio ou que não estejam em quimioterapia, estão liberados para fazer a aplicação da Coronavac.
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